As brincadeiras na internet sobre a escolha do papa Leão XIV tornaram mundialmente famosa uma bebida que é considerada um símbolo de Chicago, cidade natal do novo pontífice: o digestivo Jeppson’s Malört, conhecido por seu forte amargor.
Os memes trouxeram um pouco de tudo:
“Talvez seja o primeiro papa da história a ter bebido uma dose de Malört”;
“Que tal trocar o vinho da eucaristia por uma dose de Malört?”;
“Em honra ao novo papa, os bares deveriam criar o drinque Vaticano, com Malört e vinho tinto”;
“Em seu primeiro ato, o novo papa vai determinar que Malört é o novo sangue de Cristo”.
A própria marca entrou na onda: “Parabéns ao Papa Leão XIV! Que sua fé seja tão forte quanto nosso sabor.”
Jeppson’s Malört é um digestivo licoroso, herbáceo, com 35º de teor alcoólico e extremamente amargo, originário da Suécia, onde foi usada por séculos para tratar de problemas digestivos, talvez por ter como ingrediente principal a Artemisia absinthium – sim, a mesma base do absinto da Europa ocidental, que atraiu Van Gogh, Picasso, Toulose-Lautrec, entre outros artistas, na passagem dos séculos XIX e XX.
A ideia de produzir a bebida nos Estados Unidos foi do imigrante sueco Carl Jeppson, que a vendia de porta em porta no bairro em que morava. Durante a Lei Seca, dizia que era remédio. Em 1935, aos 70 anos, repassou a marca para um executivo local, que procurou manter a receita, agradando a clientela fiel, sem fazer exatamente muito sucesso.
A popularidade começou a crescer no início deste século quando o crescimento da cultura de coquetelaria, que enxergou naquele amargo de origem sueco uma personalidade para valorizar seus drinques.
Aos poucos, a bebida passou a ser reverenciada pelas novas gerações, junto com um arsenal de itens de marketing, como camisetas, copos e garrafas comemorativas. As redes sociais ajudaram a transformá-la num ícone da cidade. Em 2018, a Carl Jeppson Company foi vendida para a CH Distillery, que agora produz o digestivo em sua destilaria de 4.600 metros quadrados e o vende para outras regiões do país. No site da empresa, a garrafa é vendida por 27 dólares.