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Que vinho, que nada! A essência etílica da Argentina está na Hesperidina

Nada de vinho malbec ou misturar Fernet Branca com Coca-Cola. Entre o fim do século XIX e a primeira metade do século XX, a alma etílica de Buenos Aires atendia pelo nome de Hesperidina, um licor a base de laranjas amargas (Citrus aurantium), da mesma linha de um triple sec, mas só que mais suave e menos alcoólico.

Pouco conhecida fora da Argentina, a bebida ainda hoje é comercializada em supermercados e pequenas bodegas do país. Nem sempre é fácil de achar. A garrafa custa por volta de 40 reais. Tomar um trago desse destilado é ter um gostinho da essência portenha de antigamente.

A bebida foi criada em 1864 pelo imigrante americano Melville Sewell Bagley, que se estabeleceu em Buenos Aires em meio ao crescimento urbano e comercial da cidade. Inicialmente foi apresentada como um ‘bitter estomacal’, dentro de uma ideia comum à época de que as bebidas alcoólicas podiam fazer bem à saúde.

O lançamento contou com o que talvez tenha sido a primeira campanha de marketing de Buenos Aires, com direito a teaser em cartazes nas ruas e anúncios em jornais.

O sucesso veio.

Hesperidina passou a atrair interessados em experimentar a novidade. Era tempo dos clássicos cafés, da valorização da boemia, dos grandes tangos, das milongas e de quando a Argentina era sinônimo de progresso.

Por outro lado, começaram a surgir imitações e falsificações do produto. Com experiência de empreender em sua terra natal, Bagley decidiu imprimir as etiquetas da garrafa no Bank Note Company de Nova York, o mesmo lugar onde os dólares eram impressos.

Também foi atrás, em 1876, para convencer o presidente do país, Nicolás Avellaneda, para importância de criar um registro nacional de marcas e patentes. Fez que fez e Hesperidina foi a marca número 1 a ser registrada na Argentina.

Seus anúncios em jornais e pôsteres para vender ‘El Gran Aperitivo Argentino’ foi outra de suas marcas registradas – veja alguns deles na galeria abaixo.

A presença da Hesperidina foi tão intensa naquele momento que a bebida conquistou seu espaço em ícones culturais. Ganhou, por exemplo, menções em três contos do escritor Júlio Cortazar e, sim, um tango só para chamar de seu, de Juan Nirvassed, vencedor no concurso de melhor de 1915.

O século XX não foi exatamente generoso com a Hesperidina. A diversificação no mercado de bebidas, a consolidação do vinho argentino e a explosão da inexplicável paixão local de Fernet com Coca contribuíram para a bebida a perder a imagine de glamour.

Os anos 2000 fizeram a marca mudar de dono duas vezes, mantendo a mesma fórmula original. Desde 2018, quem cuida de sua imagem é o Grupo Cepas, empresa líder do mercado local de bebidas. Quem sabe eles não conseguem trazer uma nova vida à Hesperidina?

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